Editorial
Responsabilidade, ética e questionamentos
As investigações do caso Marielle Franco parecem avançar para responder as principais perguntas que ecoam há quase seis anos: afinal, quem mandou matar a vereadora do Rio de Janeiro e qual foi a motivação? E, dentro desse cenário, naturalmente o jornalismo exerce um papel. Agora, com o autor dos disparos, Ronnie Lessa, negociando uma delação premiada, novamente voltou um debate ético que há muito tempo permeia a atividade jornalística: quando noticiar?
Embora o processo esteja se dando em sigilo absoluto - dentro das possibilidades - alguns veículos, em especial os de circulação nacional, começaram a especular, uns com fontes, uns com análises, outros com mero achômetro, quais são os termos do acordo e, principalmente, as pessoas que seriam implicadas. E, de fato, é a pergunta que todos querem respondida, o quanto antes. Um crime, ao que tudo indica político, e de tamanhas proporções, precisa ser minuciosamente esclarecido. É uma vergonha estarmos há mais de meia década sem as principais respostas.
No entanto, o jornalismo não pode cair na mera questão especulatória, que pode atender interesses particulares ou políticos, ao entrar num tema tão delicado. Ao ventilar possíveis nomes, termos e tudo mais, sem uma confirmação, pode-se colocar em risco todo o trabalho das autoridades, que parecem finalmente avançar de fato dentro do processo.
Por outro lado, ao ter informações, de fontes fidedignas e de confiança do repórter ou do veículo, por qual motivo não se noticiaria? Há muitas nuances dentro deste tema e é quase impossível pensar em alguém que não daria uma notícia ao tê-la. Aqui, no próprio DP, já houve diálogos com delegados e outras autoridades policiais para segurar uma informação afim de não atrapalhar uma investigação. Também faz parte do jogo. Mas, quando é um tema de circulação nacional e que permeia o debate público há quase seis anos, não tem como travar isso.
O que se deve exigir agora é responsabilidade e ética de todas as partes: dos jornais, ao noticiar com zelo e cuidado, das autoridades policiais e do Judiciário, para fazer um acordo de delação correto e com lisura, não deixando furos para gerar novos impasses em um caso tão vergonhoso para nosso País. Que haja logo uma conclusão.
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